O meu pai trouxe da mata em sua última caçada
No biguá um filhotinho de uma onça pintada
Criamos na mamadeira, orgulho da molecada
Nenhuma fera silvestre deve ser aprisionada
Vieram os homens da lei
Mandaram soltar outra vez naquela mata fechada
Meu irmãozinho caçula com isso não conformava
Caiu da cama doente o seu mal ninguém achava
Já estava desenganado e só na onça falava
E numa tarde chuvosa quando a esperança findava
A onça estava de volta
Passou esbarrando na porta e foi direto onde ele estava
No seu bercinho de esteira a onça se acomodou
Acariciando o menino pertinho dela deitou
Meu irmão deu um sorriso, a cor do rosto voltou
Da tanta felicidade meu pai num canto chorou
Minha mãe disse a meu pai
Meu velho não chore mais nosso filhinho sarou
Quando a notícia correu que a onça tinha voltado
Um pelotão do Ibama chegou lá em casa apressado
Ao ver a fera e menino dormindo os dois abraçados
O capitão comovido foi dizendo emocionado
O Ibama não libera
Mas o menino e a fera vou deixar aos seus cuidados