Eu fiz de coqueiro e de tabatinga
Lá na restinga, a minha palhoça
Também fiz de lenha um forno e fogão
Um grande pilão de peroba grossa
Fiz um monjolinho uma tulha pro milho
Poço de sarilho e uma carroça
No fundo um chiqueiro, banco e curral
Recanto ideal do homem do roça
Eu fiz engenhoca e um samburá
Moinho de fubá e um pequeno celeiro
Fiz carro de boi fiz canga e canzil
De algodão, pavio para o candieiro
Fiz um alambique e um cocho do lado
Um poleiro pro galo pro gado o baixeiro
Fiz um puxado e cobri de palha
Pra guardar a tralha de uso roceiro
Plantei um pomar e um pé no jardim
Um pé de jasmim pra aromar o sertão
Também a paineira no fim do terreiro
Um par de pinheiros perto do portão
Pra horta eu fiz, com capricho os canteiros
Tomate rasteiro plantei no varjão
Dois mil pés de café, o arroz e o trigo
Meu caro amigo, plantei um espigão
Aqui a minha vida tem paz de verdade
Com mais liberdade respeitando ao seus
Quero morrer respirando pureza
Curtindo as belezas dos dias meus
Sou homem do campo, caboclo matuto
Que cultiva os frutos para os filhos teus
Sou vizinho da noite e da natureza
E com toda certeza inquilino de Deus